Cânones dos TrovõesO relógio da parede, marcava 1 hora e 10 minutos da madrugada.
Chovia torrencialmente, ou melhor, chovia "cats and dogs". Nada se enxergava direito lá fora - prédios, árvores, luzes, pareciam uns borrões através do vidro embaçado da janela, sem a ajuda generosa dos clarões repentinos dos relâmpagos.
A chuva batia forte contra a janela, rajadas de ventos, produziam sons quase que macabros, e as árvores dançavam freneticamente, como se estivessem num estado de transe, perdiam as suas folhas, suas flores e os seus galhos - era o show da natureza se descortinando - clarões ofuscantes cortavam os céus, e com a destreza de um pintor ainda aprendiz, as nervuras eram traçadas, numa beleza singular, culminando-se no seu auge em sonoros cânones dos trovões.
Estava inqüieta, aflita; rente à janela da sala, sentira um leve toque gelado do vidro na ponta do nariz; desejava que a fúria festiva da tempestade se acalmasse.
Fora em direção da cozinha, notara que uma das janelas da área de serviço estava aberta, e a telinha tostada pelo sol, estava a martelar ao ritmo dos ventos.
Sabia que não poderia tomar o ar gelado, a garganta ainda doía, cada tosse reverbelava nos nervos da cabeça , zonza estava sob o efeito dos medicamentos, por culpa do vilão malvado mutante - vírus da gripe - que havia se hospedado sem ter pedido licença, e as bactérias estavam a festejar tirando vantagens da situação.
Temerosa, com medo dos raios, puxara a maçaneta da janela sentindo os respingos da chuva.
Preparara o leite quente instantâneo numa xícara charmosa com pequenos detalhes mimosos de mini-coração, e estava de volta ao computador.
Após algum tempo, um estrondo ecoava pela noite - era a caixa de alta tensão explodindo lá fora atingido pelo golpe do raio - assustados miaram, os gatos pardos, e os vira-latas que se ladravam nas redondezas, latiram nervosos em represália.
Desligara o botão do computador por precaução; e na escuridão seguira até a cozinha; havia claridade suficiente vindo da janela da área, como uma mariposa atraída pela luz, fora em direção a ela para abrí-la.
Uma surpresa avistara lá do alto, as folhas das árvores estavam encharcadísssimas e em desordem, mas, curiosamente, estavam estáticas. O vento havia se acalmado, como se fora por um milagre. A tempestade havia cessado, voltara tudo ao normal.
Pensara por uns instantes em acender uma vela para clarear o ambiente, mas, logo refutara essa idéia; tudo indicava que o melhor seria se preparar para contar os carneirinhos fugitivos ao som das trombetas dos anjinhos..
Texto by: Elena
News - Um novo blog ao arNa verdade é um blog onde postarei os meus textos, incluindo as traduções. Os textos que já foram postados anteriormente serão revisados e poderão sofrer algumas modificações; e as traduções mesmo que sejam elementares, também serão postados novamente no novo blog:
Elena´s Tales Um ótimo feriado a vocês!
Obrigada pelos comentários carinhosos.
Até a próxima anotações minhas
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Elena 10:52 PM